terça-feira, 25 de maio de 2010

Porradas críticas.



Despertei o verdugo!!! Na verdade, eu já estava esperando o cacetete (do francês: "casse-tête" = quebra-cabeça) cantar. Sei que ando escrevendo coisas desinteressantes, não tenho desculpas. Vamos tentar elevar o nível do blog que anda, segundo a crítica, "meio borboleteante, superficial, tipo Caras".

Eu nem fazia idéia que algumas pessoas conheciam o conteúdo de Caras ;-) Pessoalmente, acho Caras legal, até surpreendente. Adorei um dia ver lá uma foto de um cara importante ao lado de esposa e filhos e reconhecer o sexo furtivo da véspera na sauna. Ou seja, também já "fiz" Caras. Ou melhor, conheço "profundamente" o conteúdo de Caras.

Não sei se estou, tardiamente, me transformando em turista deslumbrado. Se for isso, mudo o título do blog pra "Paris é um luxo", sem problemas. De qualquer forma, andei mesmo turisteando na última semana, por conta de ter meu amigo Manolo em visita de quarta a domingo.

Mas tivemos uma experiência bem legal em Montmartre, a respeito da qual talvez alguém esteja interessado em ler. Levei o Manolo pras escadarias da Sacré Coeur porque de lá se tem uma vista legal da cidade, ainda mais com o sol que fazia. Foi quinta, o Manolo me obrigou a entrar na igreja ;-) É legalzinha, mas não me interessa tanto quanto as medievais. Depois fomos pras ruas de Montmartre procurar um lugar pra comer. Entramos no bairro junto com uma excursão de brasileiros e achamos que o almoço ia parecer o de uma cantina do Bixiga em São Paulo.



Acabamos entrando num restaurante chamado "Le Vieux Châlet". A entrada é meio sujinha, mas tinha mesas no pátio interno e resolvemos tentar. Pedi uma mesa ao senhor atrás do balcão e ele me disse que o "patron" estava no pátio. Entramos e outro senhor nos mandou sentar na primeira mesa. Outras 4 mesas livres pegadas à nossa.

Logo em seguida entrou um casal. Acho interessante que aqui ninguém senta sem falar com o garçom. Pelo que me lembro, no Brasil a gente senta no primeiro lugar vazio que encontra. Alguém me corrija se eu estiver delirando. Como eu disse, o lugar não é nenhum restaurante de luxo. O senhor, que deve ter uns 70 anos, disse que não tinha nenhuma mesa disponível. No cardápio avisava que em dias de tempo bom a comida era servida no pátio. Só aí percebemos que o salão estava vazio.

Aguardamos uns 15 minutos sem que ninguém nem falasse com a gente. Mas, como uns 3 casais já tinham sido postos pra correr, eu disse pro Manolo que não sairia dali sem comer por nada neste mundo. Ainda que eu estivesse, sim, me sentindo um pouco mal atendido e achando que tinha metido meu amigo numa fria.

A surpresa veio quando o "patron" finalmente nos atendeu. O velhinho (nem sei se aos 44 a gente ainda pode chamar alguém de 70 assim), que achamos que era grosso por rejeitar clientes ou por nos deixar esperando, era na verdade um cara bem bacana. Começou pedindo desculpas por demorar e justificou que todo mundo chegou ao mesmo tempo. Pedimos 2 frangos e depois de algum tempo ele veio dizer que só podia servir um, pois era o último. Isso explicou porque ele dizia que não tinha mesas. Na verdade, não tinha comida. Talvez fosse mais simpático se ele dissesse logo que chegamos que estava enrolado e demoraria pra nos atender, ou se explicasse aos outros que não tinha mais comida pra eles.

Não sei se isso é deslumbre de turista, mas acho que estou começando a entender a lógica dos franceses. Não é mais lógica que a minha, acho mesmo que falta um conceito de prestação de serviço aqui, mas é assim que são os franceses. Não vim aqui pra mudar nada. Ah!... e meu frango tava ótimo, o porco que o Manolo aceitou em substituição ao dele, também, e o vinho rosé foi o melhor de tudo. O outro velhinho que estava atrás do balcão, e não ajudou em nada o coitado que serviu todo mundo sem parar, veio, depois que todo mundo saiu, limpar as mesas.

Taí, mais um post enorme e pior: não menos deslumbrado! É o que tem pra hoje.

À bien tôt...





segunda-feira, 24 de maio de 2010

Feriado de Pentecostes em Fontainebleau



A França parece ter intermináveis feriados católicos. Pelo menos eu tenho essa impressão. E tudo é desculpa pra não ter aulas na Alliance Française. Pentecostes é no domingo, mas eles têm o tal "lundi de pentecôte". Pois bem, fomos passear em Fontainebleau, onde tem uma floresta muito grande e também um castelo que Napoleão reformou e usou como residência no período em que foi imperador. Estava um sol de rachar. Hoje fez mais de 30ºC nesta terra. Parece que o verão começou mais cedo. Fomos com um casal de amigos americanos: Bob e Vicki.

domingo, 23 de maio de 2010

Mais ausência...




Ando com dificuldades em manter minha regularidade com este blog. Tá difícil!! Dias 13 e 14 de maio, viajamos, Patrick e eu, pra Normandia e Bretanha, pra comemorar 1 ano do dia em que nos conhecemos em São Paulo. Dia 17 tive meu exame oral de francês, o DELF. Dia 19 Manolo chegou de Lisboa e pronto!!! Voltei a ser turista por 5 dias. Fomos buscá-lo no aeroporto, fiz todos os passeios obrigatórios e hoje, 23 de maio, fomos levá-lo de volta ao aeroporto. Vou tentar regularizar os posts esta semana, inclusive com as centenas de fotos que tirei nestas 2 semanas. Incluo 3 fotos como aperitivo. A primeira, no Mont Saint-Michel. A segunda, dispensa comentários, e a terceira é o interior da Saint-Chapelle, que visitei pela primeira vez.



segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ausência

Muito bem. Volto depois de 10 dias, muita cobrança (também da minha parte) e uma sensação forte de que não tenho nada novo a dizer. Este texto promete ser chato, porque tenho que arrancar cada palavra. O preço é a manutenção do blog. Tenho a forte impressão de que, se passar de hoje sem publicar ao menos uma linha, o negócio todo desanda.

Por outro lado, hoje é uma data importante: completo 6 semanas em Paris!! Desorientado, frustrado com a minha batalha com a língua. Conversei com a Daniela ontem pelo skype e quando disse que me sinto cobrado por ainda não me virar tão bem em francês ela me disse isso: são SÓ 6 semanas! Preciso me lembrar de que há menos de 1 ano eu não falava nem uma única palavra em francês.

Às vezes percebo que o Patrick tem a impressão de que não faço todo o esforço que poderia pra progredir mais rápido. Mas a verdade é que não acredito que passar horas sentado à mesa com 4 ou 5 pessoas que falam perfeitamente o francês vá realmente acelerar o processo. Sempre termino exausto como se tivesse levado uma surra.

Também tenho outras desculpas pro sumiço. Na terça-feira o Patrick ligou pro “Tribunal d’Instance” pra saber como andavam nossos papéis e a oficial disse que ia mesmo nos ligar. Como um outro casal cancelou um agendamento, fomos convidados a antecipar a assinatura do nosso PACS. Na quarta assinamos às 11h00 da manhã.

Dá pra imaginar que a semana virou uma loucura. Almoçamos no Marais na quarta, num restaurante brasileiro. Feijoada pra comemorar. E eu que nunca fui fã de feijoada!! Mas o M. Plaisant adora. Voltamos ao mesmo lugar na quinta à noite pra comemorar o aniversário do Patrick. Comi moqueca de peixe. Ele, bobó de camarão.

A sexta foi o tiro de misericórdia ;-) Quatro adultos e uma criança aqui em casa pra comemorar a assinatura do PACS. Não seria França se não houvesse jantar completo: 5 pratos!! Tenho ainda que agradecer ao Paulo e ao Gil pela dica do site da Ana Maria Braga ;-) Peguei receita de berinjela gratinada pra entrada. Na verdade, foi o prato mais trabalhoso. O Patrick me ajudou porque tinha que passar na frigideira e sou uma negação com essas coisas. O prato principal foi uma carne assada na panela de pressão (também receita do site) que fiz praticamente sozinho. Ainda fiz arroz e o Patrick, o feijão. Isto já tá parecendo o blog da Ofélia! Servimos coquetéis de champagne e cachaça e a sobremesa, os convidados trouxeram. Ufa!!! (A foto que publico aqui é da sobra que almocei na segunda)

No sábado fomos almoçar com os Plaisant. Está na hora deles irem pra casa do litoral, como todo ano depois que esquenta um pouquinho. Fomos nos despedir e ajudar a colocar as malas no carro. O resto do dia foi pra lá de preguiçoso. O problema foi que eu trouxe mais tarefa pra casa (devoir à la maison). É que a Mme. Plaisant adora me ajudar com o francês. Ela falou um pouco comigo sobre as mudanças da língua, sobre como o argot (gíria) toma conta de tudo, e me emprestou mais um livro (agora são 2) pra eu folhear, escolher algum tópico e escrever um relatório pra ela. São 2 desses livros bem chiques de fotos e textos complexos . Um é sobre os castelos franceses e o outro, sobre monumentos arquitetônicos em geral. Acho que vou escolher aqueles que já conheço e enviar os textos por e-mail. O M. Plaisant é muito divertido. Ele sempre brinca com a esposa e gosta de contar histórias da II Grande Guerra. Como sábado era o feriado em comemoração pelo final da guerra, ele tinha ido ao cemitério participar de uma cerimônia e depois do almoço me contou dos vinhos super caros que ele e outros soldados encontraram num quartel dos alemães na região da Floresta Negra.

No domingo fomos passear nos jardins do Parc de Bagatelle. O Jardin Botanique de La Ville de Paris.


sábado, 1 de maio de 2010

1º de maio... tradições francesas

Hoje pela manhã fomos ver Iron Man 2. Tá virando hábito, cinema no sábado de manhã.


O Patrick já tinha me falado da tradição de dar muguet (lírio do vale) aos amigos no 1º de maio. Mesmo assim me surpreendi com o número de barraquinhas em cada esquina. É que esses vendedores não precisam de nenhuma licença pra este dia especial. Então, a cidade fica mais florida ainda. Ganhei um ramalhete lindo logo depois do cinema e o Patrick comprou mais 2 pros pais dele. Eu iria junto visitar o M. e a Mme Plaisant, mas fiquei um pouco indisposto. Patrick foi às 14h00 e voltou às 18h00, com mais 2 ramalhetes de muguet que eles mandaram pra mim. Parece que a tradição é bem séria ;-)

Como não fiz nada o dia inteiro, fomos caminhar por Courbevoie, que estava muito tranquila, por conta do feriado. Observando a minha vizinhança tenho a impressão de que 70% da cidade surgiu nos anos 1960. São prédios de 6 ou 7 andares, alguns poucos mais altos, como o nosso que tem 19. E aqui ou ali vê-se algo mais antigo, como uma casa que pode ser da época da guerra. Não sei se Courbevoie derrubou suas construções antigas quando La Défense começou a ser construída, ou se era um lugar meio vazio, com espaço disponível pro novo. Preciso investigar. Pra mim, parece incrível que exista algo assim a 10 minutos de trem ou RER de Paris. Pena que não levei minha câmera no passeio. Outro dia tiro fotos. Hoje ficam só as do muguet e da porcelana de Limoges em que o Patrick me serviu um cafezinho no fim do dia. Herança que ficou da bisavó dele ;-)